o calor de áries

eu queria escrever agora sobre ciumes, mas – não sei se alguém notou – me coloquei uma regra de cada mês escrever sobre um sentimento ligado a simbologia do signo do momento. então vou ter que deixar o ciumes para o proximo texto, de touro. e vou aproveitar o mood e o inferno astral para falar da raiva, da energia da raiva já que estamos ainda sob o sol de áries.

sou filha de um ariano. arianão mesmo. e tenho a venus em áries. parece que isso quer dizer eu tendo a expressar meus sentimentos de forma enérgica. nos arautos da astrologia isso tem um viés bem bonito que fala de determinação, impulsividade e um ardor no amor e no romance. eu quando ligo as estrelas vejo a filha de um pai de voz grossa e opiniões radicais, uma taurina que não gosta de injustiças e uma forma rude de falar quando pisam no seu calo.

e se a gente deixar todo esse blá astrologico de lado e focar no que toca o corpo, eu lembro do filme mais legal para todas as idades nos ultimos tempos: divertidamente. o personagem da raiva é representado em um homenzinho vermelho, de camisa social e gravata (coitado!) que tá sempre ansioso e quando explode sai chamas pela cabeça. eu dou risada quando vejo a cara dele puto.
mas entendo. muito.

Divertida Mente (Inside Out), Disney

essa coisa de não aceitar o que está sendo mostrado e não compreender porque aquilo está acontecendo, acorda esse sentimento primitivo, que te toma o corpo de te coloca num lugar quase de um instinto de sobrevivência. e ali tudo se mistura e se perde. é quando literalmente perdemos a razão – a dor vem tão grande que entope o peito e sai por todos os poros. a visão fica turva e a nuca arde.
vão dizer que a falta de controle é infantil. e é. a criança coloca todos os sentimentos para fora. mesmo quando ainda não sabe nomea-los. saber nomear já é um estado avançado. nomear, reconhecer, se conectar com o sentimento e admiti-lo é bem adulto.
julgar o outro e inferiorizar seu sentimento, é arrogância.

a raiva tem uma força propulsora. criativa até.
pode te levar a quebrar um duzia de copos, ou te empurrar a correr uma maratona.
ou escrever um texto.

esses peixes e suas marés

esse texto chega uma rodada atrasado porque eu dei uma procrastinada básica para escrever e esse texto também é sobre isso. e assim começo lembrando que esse signo não é “Peixe”, é “Peixes”. são dois. um nadando pra cima e outro nadando pra baixo. dois peixes, dois mundos.
introvertido e extrovertido, depende da maré.
como a gente.
ou como eu pelo menos.

não sou de Peixes, mas carrego em mim essa dualidade de sentimentos. até mesmo uma certa incoerência, confesso. às vezes pode ser dificil para quem tá de fora acompanhar, mas parei de ligar para isso também. já tentei ser 8 ou 80, já tentei não misturar as coisas, já tentei colocar linhas delimitantes claras e afirmar “isso não!”. até que: sim.
moro ali nos 40, numa zona que pode ser cinza para você mas para mim é bem colorida.
ouvi uma vez que sentimentos não são binários, você não sente uma coisa ou outra, não é isso ou aquilo. muitas vezes sentimentos são isso e aquilo.
alivio e angustia.
tristeza e expectativa.
tente lembrar o que você sentiu quando mudou de emprego, ou terminou um relacionamento, ou mudou de casa. tinha um só sentimento ali?

na verdade nem precisa ser um momento muito significativo na vida não. hoje acordei animada e solitária. vai encarar o dia o agora…

a dualidade emocional é uma característica forte do signo de Peixes. assim como o fato de serem o último signo do Zodíaco ou, dizem, a representação do final da jornada evolutiva já que todos esses simbolismos falam da jornada do herói, mas esse é mote pra outro texto.
então, no fim, abraçar a multiplicidade emocional é um exercicio de maturidade?

esse ano eu tive o prazer de ver e ouvir a Ester Perel (e a Brene Brown, obrigada Senhor!) gravarem juntas um podcast ao vivo no SXSW. “Unlocking Us” #ficaadica
e uma das muitas coisas que me bateu ali foi a Perel falando sobre um hábito que temos de intepretar comportamentos e colocar as pessoas em caixas, partindo do principio que elas não irão mudar. eu ainda incluiria aqui um adendo: quem somos nós para analisar o comportamento humano baseado apenas no nosso ponto de vista? mas enfim, ela nem levantou essa bola. seguiu dizendo que nós mudamos, nós evoluimos. e agimos hoje como se essa fluidez de comportamento não tivesse mais relevância. nos tornamos tão ensimesmados, virados para a nossa própria bolha que não conseguimos orientar nosso olhar para o coletivo, para a possibilidade do que não é homogeneo a nós.

zero evolução namastê aqui, apenas a certeza de rótulo bom é rótulo de vinho.
tin tin.

aquário e suas eras

eu tenho aquário na casa 9. e a casa 9 é a casa que fala de fé, de expansão de identidade, de estudos, filosofia e viagens mentais (sim!). aquário é signo do questionar, de temas coletivos, da galera inovadora, progressiva e fora da caixa. e aquário na casa 9 – o meu caso – traz quem gosta de decifrar simbolos, ensinamentos ocultos e matérias como astrologia.
pronto, esse texto é sobre mim e eu já começo falando sobre mim mesma e me justificando por estar falando sobre mim. porque essa também sou eu.

e também porque eu sou metida de falar de astrologia só pra chamar atenção e me mostrar entendida já que eu gosto, ouço, leio mas entendo lhufas.

Foto por Sebastian Arie Voortman em Pexels.com

na adolescência eu fiz o curso que mais me orgulho de ter feito até hoje. no planetário do Rio de Janeiro, uma semana de aula de identificação do céu. passava horas dentro daquele espaço escuro, olhando pra cima, aquele teto arredondado e percebendo os desenhos que as estrelas formavam, o movimento da terra, as orbitas dos planetas e ouvindo estórias que até hoje conto. você sabia que as três marias formam o cinturão de Órion que era um guerreiro da mitologia grega? ele se achava o máximo e Zeus mandou um escorpião pra baixar a bola dele. mas Órion nem tchum pro bicho, que de raiva o picou e o guerreiro morreu. Zeus então transformou os dois em estrelas e jogou no céu e desde então quando você avistar uma das duas constelações no céu, pode traçar uma linha de 180 graus que vai achar o outro, porque eles estão lá, travando uma briga de gato e rato eterna.

(bonita a história né? já usei muito como papo em momentos estratégicos da vida. agora que sou uma senhora aposentada divido com o mundo. use livremente, nem precisa dar crédito)

pois bem, tenho zero a arrogância oriana de dar conselho baseado no nada que sei dos astros ou de qualquer assunto. muita gente faz isso. seja porque não entenda a ignorância como limitante ou porque quer mesmo chamar atenção pra si. e muitas vezes saem destilando verdades fundamentadas em grandes achometros. nada de novo no reino da Dinamarca, mas convenhamos que em tempos de matérias reduzidas a legendas e atenção difusa, uma pesquisa rápida no Google ou uma deslizada de tela podem fazer você se sentir um grande entendendor capaz de afirmar conceitos e até conceder diagnósticos clínicos. já recebi um desses mas fui salva pela terapia em uma sessão baseada em estudos e títulos reconhecidos pelo MEC. amém.

aquarianos são imparciais, não gostam de regras e valorizam a liberdade, ao mesmo tempo que entendem que qualquer progresso da humanidade começa pela empatia e compaixão. e do alto vertice da minha casa 9 nesse momento minha única recomendação é começar pela autocompaixão.
vale pensar eternamente sobre a Alegoria da Caverna de Platão,
ler A Arte da Imperfeição, da sempre maravilhosa Bene Brown,
ou ouvir a Vanessa Pérola conversando no podcast Bom dia, Obvious.

e não, nada aqui é uma verdade absoluta. são viagens mentais baseadas em uma curiosidade permanente de quebrar a monotonia dos assuntos cotidianos.

bem vindos a era de Aquário.