esses peixes e suas marés

esse texto chega uma rodada atrasado porque eu dei uma procrastinada básica para escrever e esse texto também é sobre isso. e assim começo lembrando que esse signo não é “Peixe”, é “Peixes”. são dois. um nadando pra cima e outro nadando pra baixo. dois peixes, dois mundos.
introvertido e extrovertido, depende da maré.
como a gente.
ou como eu pelo menos.

não sou de Peixes, mas carrego em mim essa dualidade de sentimentos. até mesmo uma certa incoerência, confesso. às vezes pode ser dificil para quem tá de fora acompanhar, mas parei de ligar para isso também. já tentei ser 8 ou 80, já tentei não misturar as coisas, já tentei colocar linhas delimitantes claras e afirmar “isso não!”. até que: sim.
moro ali nos 40, numa zona que pode ser cinza para você mas para mim é bem colorida.
ouvi uma vez que sentimentos não são binários, você não sente uma coisa ou outra, não é isso ou aquilo. muitas vezes sentimentos são isso e aquilo.
alivio e angustia.
tristeza e expectativa.
tente lembrar o que você sentiu quando mudou de emprego, ou terminou um relacionamento, ou mudou de casa. tinha um só sentimento ali?

na verdade nem precisa ser um momento muito significativo na vida não. hoje acordei animada e solitária. vai encarar o dia o agora…

a dualidade emocional é uma característica forte do signo de Peixes. assim como o fato de serem o último signo do Zodíaco ou, dizem, a representação do final da jornada evolutiva já que todos esses simbolismos falam da jornada do herói, mas esse é mote pra outro texto.
então, no fim, abraçar a multiplicidade emocional é um exercicio de maturidade?

esse ano eu tive o prazer de ver e ouvir a Ester Perel (e a Brene Brown, obrigada Senhor!) gravarem juntas um podcast ao vivo no SXSW. “Unlocking Us” #ficaadica
e uma das muitas coisas que me bateu ali foi a Perel falando sobre um hábito que temos de intepretar comportamentos e colocar as pessoas em caixas, partindo do principio que elas não irão mudar. eu ainda incluiria aqui um adendo: quem somos nós para analisar o comportamento humano baseado apenas no nosso ponto de vista? mas enfim, ela nem levantou essa bola. seguiu dizendo que nós mudamos, nós evoluimos. e agimos hoje como se essa fluidez de comportamento não tivesse mais relevância. nos tornamos tão ensimesmados, virados para a nossa própria bolha que não conseguimos orientar nosso olhar para o coletivo, para a possibilidade do que não é homogeneo a nós.

zero evolução namastê aqui, apenas a certeza de rótulo bom é rótulo de vinho.
tin tin.

Deixe um comentário